Na morte de Arafat

<font color=d40000>Palestina de luto e em luta</font>

Yasser Arafat morreu. Na hora de lhe prestar a última homenagem, os palestinianos esqueceram divergências e choraram Abu Ammar, o combatente, como será sempre recordado pelo seu povo, pelos árabes e por todos os que pelo mundo fora se batem contra o imperialismo, pelo direito inalienável dos povos à autodeterminação e independência, pela justiça e pela paz.
As cerimónias fúnebres de Arafat realizadas no Cairo mantiveram os palestinianos à distância, mas quando Abu Ammar chegou à Muqata, em Ramallah, o féretro foi arrebatado pelo povo que quebrou todas as barreiras para, sem protocolos, lhe dar o último abraço antes de o entregar na penúltima morada. Mesmo morto, o homem que se tornou o símbolo da luta e da esperança da Palestina continua à espera de poder finalmente descansar em paz em Jerusalém, capital da Palestina livre e independente.
O povo palestiniano - oito milhões de pessoas - tem ainda pela frente um longo e difícil caminho a percorrer. Metade dos seus filhos vive na diáspora; um milhão resiste em Israel à discriminação e à opressão; três milhões sobrevivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza em bantustões onde a morte chega todos os dias pela mão dos ocupantes israelitas, seja pela armas ou pela permanente degradação das condições de vida.
Confinados em 20 por cento da Palestina ocupada, três milhões de palestinianos estão separados por estradas e caminhos onde não podem circular. Insistem em viver apesar de despejados das suas terras de cultivo, vendo Israel destruir olival atrás de olival (a destruição já levou 100 000), base da economia agrícola, e sofrendo o opróbrio de serem espoliados da própria água (80 por cento dos recursos estão na posse de 200 000 colonos). Mantêm a esperança e a luta mesmo enterrando os mortos (cerca de 4000 em quatro anos, dos quais várias centenas menores de idade), ou assistindo ao destruir das suas casas pelos tanques do invasor (3700 derrubadas como «represália»). Não se rendem apesar de nas prisões israelitas terem encarcerados 7700 dos seus filhos, a maioria sem culpa formada.
Foi este povo que enterrou Arafat/Abu Ammar na devastada Muqata onde o presidente da Autoridade Palestiniana viveu também ele recluso do invasor os seus últimos anos de vida, sempre ameaçado pelas bombas que destruindo tudo não alcançam em matar o sonho de um povo que quer ser livre na sua pátria libertada.
O combatente morreu, mas a causa palestiniana está viva. A luta encetada há mais de meio século continua. Até à vitória.

Condolências do PCP

O Secretariado do Comité Central do PCP emitiu, a 11 de Novembro, um comunicado sobre o falecimento de Yasser Arafat, que a seguir se transcreve na íntegra:
«Perante a notícia do falecimento de Yasser Arafat, presidente da Organização de Libertação da Palestina e da Autoridade Nacional Palestiniana, o Partido Comunista Português transmite à OLP, às suas componentes e ao povo palestiniano as sentidas condolências e os sentimentos de fraternal solidariedade dos comunistas portugueses.
«Yasser Arafat consagrou a vida à luta do seu povo pelos seus direitos nacionais inalienáveis e foi um protagonista particularmente destacado do movimento de emancipação nacional dos povos árabes e por uma paz justa e duradoura no Médio Oriente.
«O seu falecimento constitui uma grande perda. Mas a luta heróica do povo palestiniano pela libertação dos territórios ilegalmente ocupados por Israel e pela edificação do se próprio Estado independente e soberano em terra da Palestina prosseguirá, com a activa solidariedade das forças progressistas e anti-imperialistas de todo o mundo.
«Nesta hora de luta, em que é necessário sublinhar as justas razões da causa nacional do povo palestiniano e exigir o fim da violência fascista que sobre ele se tem abatido, o PCP confirma à OLP e ao povo palestiniano a solidariedade de sempre dos comunistas portugueses.»

Homenagem no Cairo

Albano Nunes, membro do Secretariado do Comité Central e responsável pelas relações internacionais do PCP, representou o Partido nas exéquias fúnebres de Yasser Arafat realizadas no Cairo, no Egipto. Recebido na sede da Liga Árabe por Mohamed Subia, embaixador da Palestina na capital egípcia, Albano Nunes transmitiu oficialmente as condolências do PCP e deixou no livro de condolências a seguinte mensagem:
«O Partido Comunista Português presta homenagem à memória do presidente Yasser Arafat, dirigente histórico da causa palestiniana e amigo da revolução portuguesa de Abril. Confiamos na vitória da luta do povo palestiniano pelo seu Estado nacional com o apoio da nação árabe. Com a nossa solidariedade, Albano Nunes, membro do Secretariado do CC do PCP.»


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